Ultradireita na Europa vende maternidade como nacionalismo – 03/03/2025 – Mundo

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A Europa precisa de bebês. Sob a sombra do envelhecimento populacional que assola o continente há anos, a ultradireita apresenta opções. Nomes uma vez que Giorgia Meloni, Viktor Orbán e Marine Le Pen unem às suas políticas anti-imigração a teoria de que casais europeus precisam procriar em nome da pátria —teoria esta que vem ressoando nos Estados Unidos sob Donald Trump.

No final do mês pretérito, por exemplo, Orbán, primeiro-ministro da Hungria que inspirou populistas do mundo inteiro com suas políticas autocráticas, anunciou que diminuiria o número mínimo de filhos necessários para receber isenção de impostos pela metade, de quatro para dois. A política inaugurada em 2023 afeta somente as mães dessas crianças. Os pais continuam a remunerar impostos.

A política foi elogiada por Elon Musk, magnata avante da Tesla, SpaceX e do X, vetusto Twitter, que se tornou um dos mais influentes conselheiros do presidente americano. De origem sul-africana, Musk tem ao menos 12 filhos e usa seu perfil no X para bradar contra o uso da pílula anticoncepcional e em obséquio de famílias numerosas.

O vice de Trump, J.D. Vance, demonstrou ter uma visão semelhante em 2021, quando chamou mulheres sem filhos de “loucas dos gatos”. A enunciação, que tinha entre seus alvos a ex-vice-presidente Kamala Harris, foi resgatada durante a campanha presidencial.

Por término, o próprio Trump anunciou uma proposta alinhada a essa retórica recentemente, ao anunciar incentivos à fertilização in vitro. O tópico tinha sido branco de protestos de alguns republicanos sulistas durante as eleições, uma vez que o procedimento ocasionalmente leva ao descarte de embriões.

Para Judith Goetz, pesquisadora da rede alemã Mulheres e Extremismo de Ultradireita, as políticas pró-natalistas que proliferam dos dois lados do Atlântico têm muitas semelhanças. Finalmente, o “America First”, ou EUA em primeiro lugar, “enfatiza valores da família tradicional e de identidade vernáculo, o que ressoa com o exposição pró-natalista da ultradireita europeia”, diz.

Aliás, Trump indicou para o governo nomes associados ao Projeto 2025 da Heritage Foundation, uma plataforma ultraconservadora que vê na família a chave da “procura para uma boa vida”.

Goetz reforça, no entanto, que a procriação é uma espécie de salvação da pátria não é novidade na Europa —posição compartilhada com Andrea Pato, professora de estudos de gênero na Universidade Meio-Europeia, na Áustria.

Ambas afirmam que o continente já viveu momentos de baque demográfico, uma vez que as grandes guerras, em que mulheres eram convocadas a procriar para indemnizar as perdas. Agora, porém, o projeto ganha “subtons eugenistas”, nas palavras de Goetz, e bebe de uma manancial controversa, a teoria conspiratória conhecida uma vez que “A Grande Substituição”.

De autoria do gaulês Renaud Camus, ela afirma que as elites cooperam para substituir populações europeias brancas, afetadas por baixas nas taxas de feracidade, por povos não-brancos por meio da transmigração em tamanho. A solução para os teóricos da conspiração seria, assim, o incentivo à procriação.

Katalin Novak, ex-presidente da Hungria, era uma das vozes da resguardo do natalismo no governo Orbán. Ela continuou defendendo a bandeira mesmo depois que se viu obrigada a renunciar ao incumbência, depois perdoar um varão sentenciado por pedofilia. No ano pretérito, ela fundou uma ONG dedicada à promoção global do projeto de desenvolvimento populacional, a XY Worldwide.

São figuras femininas uma vez que Novak, a primeira-ministra italiana Meloni e a política francesa Le Pen que atuam uma vez que garotas-propaganda da teoria de centralidade na família. Meloni, por exemplo, bradou que era “mulher, mãe, italiana, cristã” em um exposição famoso de 2021 em que contestava os direitos LGBTQIA+.

“[Meloni e Le Pen] se posicionaram estrategicamente uma vez que figuras que simbolizam os valores familiares”, diz Goetz. “Ao enfatizar o papel de mães em público, elas tentam regularizar as políticas natalistas centralizadas na família.”

A pesquisadora alemã acrescenta que essas personagens costumam velejar muito a incoerência de se apresentarem uma vez que matriarcas supra de tudo e trabalharem profissionalmente na política. Ela cita outra figura semelhante, Barbara Rosenkranz, liderança do partido de ultradireita Freiheitliche Partei Österreichs que foi integrante da Câmara Pátrio, mas dizia que sua principal função era ser mãe —de dez filhos— e dona de lar.

Essa ênfase na maternidade procura justificar políticas que encorajam mulheres a assumir papéis tradicionais, “posicionando a maternidade uma vez que uma escolha pessoal e um obrigação vernáculo”, diz Goetz.

Pato considera o “familismo” um dos pilares do nacionalismo europeu atual. O termo implica a compreensão da família uma vez que “instauração da região” e “subjuga direitos reprodutivos individuais à demanda vernáculo pela reprodução”.

Líderes que promovem essas ideias “não precisam de um gabarito vindo dos EUA”, observa Goetz. “Mas acredito que os partidos da ultradireita europeia se sentem validados pelo que acontece lá, uma vez que uma forma de justificar ainda mais a sua agenda patriótico e pró-natalista.”



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