Numa patética enunciação de sabujice e oportunismo, Mark Zuckerberg ajoelhou e rezou para Donald Trump, o novo presidente CEO dos Estados Unidos, publicado mentiroso serial.
O proclamação da reviravolta na política de moderação de conteúdos na Meta, dona do Facebook e do Instagram, não pareceu ter zero a ver com convicções e princípios. Foi uma rendição governista em resguardo de seus bilhões, o que diz muito sobre a situação da informação de massas em nossos tempos de big techs e pós-verdades.
A enunciação fez lembrar aqueles vídeos gravados à força por ativistas “arrependidos”, com uma arma fora de cena apontada para sua testa. É bastante preocupante que o compungido tenha citado um suposto consenso de ideias na América e aceitado docilmente a coleira de Trump para latir com o pitbull louro contra o mundo, mormente o ocidental.
Em sua resguardo da desinformação, com sórdida manipulação de estereótipos, o famoso Zuck considerou que o governo americano é o único defensor da liberdade de expressão, em contraste com a Europa reguladora e com a América Latina e seus “tribunais secretos” a ameaçar o “free-speech”.
Os EUA, não é demais lembrar, aprovaram lei para banir o TikTok, mantêm uma prisão secreta em Guantánamo, Cuba, fora de qualquer regramento democrático, paparicam a ditadura assassina e repressora da Arábia Saudita e têm longa tradição de desestabilizar regimes escolhidos pelas urnas. Sim, é possante democracia, em muitos aspectos réplica —mas contra ela Trump sempre investiu.
Zuckerberg não deu esfera para Rússia e para a China, talvez para não chatear o “boss”, companheiro de Putin, e o novo correligionário, Elon Musk, que tem negócios no gigante asiático e não abre o ponta para falar de restrições a direitos naquele país.
Pode-se rejeitar decisões do STF em seu ativismo crescente, simbolizado pelo importante mas pouco transparente e interminável questionário levado por Alexandre de Moraes. Cá mesmo seus excessos já foram criticados —e acrescentaria consumição sobre porquê está se encaminhando o julgamento do Marco Civil da Internet.
Daí a tombar na conversa mistificadora, populista e nociva de Zuckerberg vai longa intervalo. Trump, aliás, traz, porquê se sabe, esse risco da retomada da polarização. Mesmo críticos democráticos de Lula ou do STF podem ser capturados pela armadilha do alinhamento com o polo da direita trumpista e seu tropa fascistoide que diz proteger liberdade de frase.
O apagão totalidade de matizes se anuncia incontível, e assim voltaremos a chafurdar no atoleiro do qual na verdade ainda não saímos.
O tema da regulação das plataformas é multíplice, não há espaço para discuti-lo aqui. Mas vale lembrar que tem seus elementos ocultos, mais ameaçadores do que os fantasiosos “tribunais secretos” temidos pelo magnata de camiseta da Meta: os algoritmos. Não é provável falar em plena liberdade de frase e transparência sem luz sobre esses editores digitais. Recomendaria a leitura de “A Máquina do Caos”, de Max Fisher.
Na prelo profissional existem filtros, posicionamentos públicos e jornalistas responsáveis pelas publicações. A empresa é solidária em condenações da Justiça. Mas porquê responsabilizar algoritmos e a “comunidade” de Musk e Zuckerberg?
LINK PRESENTE: Gostou deste texto? Assinante pode liberar sete acessos gratuitos de qualquer link por dia. Basta clicar no F azul aquém.