O que Prost fala de Senna em documentário – 22/12/2024 – Esporte

Esporte


“Nunca consegui compreendê-lo. Será que ele era um manipulador? Eu nem ouso proferir essa termo. Porque, para mim, ele era um pouco possuído.”

Trinta anos depois da morte do maior rival, Alain Prost diz até hoje tentar entender Ayrton Senna. Dos seis episódios do documentário “Prost”, os três últimos, lançados pelo Meio Plus francesismo na última semana, são quase inteiramente dedicados à rivalidade.

Nunca antes o tetracampeão mundial falou tanto sobre o brasílio. Mas a memória que Prost tem do rival é de um modo universal positiva, sobretudo graças à reconciliação entre os dois nos últimos meses de vida de Senna. Na sala de morada, o francesismo tem uma foto com o brasílio e uma estatueta dos dois no pódio.

Tratando-se de uma biografia francesa e autorizada, o documentário acaba funcionando porquê uma espécie de outro lado à série ficcional “Senna”, lançada no mês pretérito pela Netflix, onde Prost aparece porquê vilão.

Entre outros destaques da série, o francesismo confessa que só não deu um soco no rival, logo em seguida o acidente entre os dois em Suzuka-1990, porque viu que um telão mostrava os dois. “Acalme-se”, diz ter pensado na hora.

O documentário apresenta Senna porquê um “segundo irmão” de Prost. O primeiro é o irmão de sangue, Daniel Prost. Enamorado por automobilismo, Daniel era o predestinado a se tornar piloto, mas foi impedido pela saúde frágil –um tumor no cérebro na juventude e um cancro de pulmão que o matou aos 33 anos, quando o caçula já era vencedor da Fórmula 1. “Corri um pouco por procuração”, conta Prost.

Alguns dos melhores momentos da série são as cenas de família, dos filmes Super-8 da puerícia à entrevista com a mãe do piloto, Rosa Karatchian, que ajuda a desvendar a personalidade do Professor, porquê Prost ficou divulgado: um obcecado pela vitória, tanto quanto Senna.

Neto de sobreviventes do genocídio dos armênios da Turquia no início do século 20, Prost teve uma puerícia de classe média perto de Lyon. O pai era possuidor de uma oficina de cadeiras metálicas de cozinha. Sem qualquer vínculo com o mundo do automobilismo, Prost galgou os degraus combinando talento fora de série dentro da pista com habilidade política fora dela.

Apesar do sucesso na curso, da notabilidade e da riqueza, Prost aparece no documentário porquê um varão que se sente injustiçado, com contas a atingir.

Queixa-se do público francesismo, que o apelidou de “Pigmeu Amarelo” (cor dos carros da equipe Renault) em 1982, durante a rivalidade com o compatriota René Arnoux. Queixa-se de que o brasílio Nelson Piquet ganhou roubado o título de 1983, pilotando uma Brabham com gasolina adulterada. “A Renault não quis reivindicar e lucrar o título no tapetão”, lamenta.

Senna parece deixar Prost perplexo até hoje. Em 1988, o francesismo convidou o logo novo companheiro de equipe a almoçar na morada dele. Senna foi, mas o tratou com frieza. “Chamei-o para passear no jardim, ele preferiu dormir no sofá. Achei mal-educado. Depois Claude Sage, patrão da Honda na Suíça, explicou-se: ‘Ayrton me disse que, se permanecer seu colega, isso poderá enfraquecê-lo’.”

O misticismo de Senna também continua a espantar o francesismo. “Eu rezo à noite, mas nunca contei com Deus porquê pedestal. Porquê enfrentar de igual para igual alguém pensando porquê ele, que se sente protegido por Deus?”

Prost se queixa também da simpatia da prelo pelo brasílio. E repisa recalques do período de três anos em que o teve porquê companheiro na McLaren, entre 1988 e 1990:

Diz que Senna trabalhava menos que ele. “Enquanto ele descansava, eu tinha que permanecer testando o carruagem na Inglaterra. Era sempre assim no inverno.”

Afirma que tem provas de que a Honda privilegiava o brasílio com motores melhores. “No GP da Espanha [1988], estavam tirando os motores do caminhão, e eu vejo: ‘Special for Ayrton’. O presidente da Honda me disse: ‘Reconheço que não fomos justos’.”

Completa que Senna rompeu com ele devido a uma inconfidência, em seguida o GP de San Marino de 1989. Prost diz que interpelou Senna em seguida a prova, acusando-o de desrespeitar um conciliação de não ultrapassagem na primeira volta. Senna reagiu chorando. “Aí eu cometi um erro. Contei essa história a um jornalista, a quem eu sempre falava em off. Ayrton ficou tão irritado, por eu ter descrito que ele chorou, que parou de falar comigo.”

Sendo uma biografia autorizada, “Prost” dribla alguns episódios espinhosos, porquê o choque entre ele e Senna que decidiu o campeonato de 1989, no Japão. Indiciado de espancar de propósito para prometer o título, Prost admite exclusivamente que, antes da corrida, avisou que não “abriria a porta”. A mediação decisiva do cartola francesismo Jean-Marie Balestre, presidente da FIA (Federação Internacional do Veículo), é ignorada.

O documentário revela detalhes da decisão de Prost de parar de percorrer, ao final da temporada de 1993. O contrato do francesismo vetava Senna porquê companheiro de equipe durante dois anos. Mas o francesismo Patrick Faure, responsável pelos imbatíveis motores que impulsionavam os carros da Williams, confessa que a Renault preferia o brasílio.

“Tínhamos vontade de Senna, adoraríamos que Alain ficasse, mas não podíamos terebrar mão de um trunfo igual. Privilegiamos a certeza de lucrar. É interesseiro, mas é preciso proferir a verdade”, diz Faure na série.

“C’est niet [É não]”, respondeu Prost ao possuidor da equipe, Frank Williams. Pressionado, o francesismo acabou cedendo seu lugar a Senna em 1994, em troca dos salários do tempo não cumprido de contrato.

A reviravolta na relação entre Senna e Prost ocorreu no pódio do GP da Austrália de 1993, última corrida do francesismo e última vitória do brasílio. Prost estendeu a mão ao rival e, para sua surpresa, foi puxado por ele para o degrau mais elevado.

A partir daí, conta Prost, os dois passaram a se falar sempre por telefone. Senna se queixava da dirigibilidade da Williams, problema que Prost conta também ter sentido na temporada anterior.

No término de semana fatídico de Ímola, Prost estava comentando a corrida para a TV francesa. No dia da prova, foi chamado por Senna para conversar na garagem da Williams. “Ele não tinha de modo qualquer o mesmo semblante. Não era o conquistador. Não era ele. Dei um tapinha nas costas dele. Mas senti que seria complicado. Um Ayrton muito dissemelhante do que conheci. Perturbado, quase cansado, desmotivado.”

Dias depois, já em São Paulo para o velório do rival, Prost foi chamado pela família Senna para saber o quarto do piloto. “Disseram-me: ‘Ayrton tinha um profundo saudação por você, é preciso que você saiba disso. Ayrton não parava de pensar em você’. Mostraram fotos minhas, que ele guardava quando ainda corria de kart.”

Ainda hoje, 30 anos depois, Prost conta receber todos os dias “quatro ou cinco mensagens” sobre Senna: “Se eu trinchar a história de Ayrton, cortarei uma secção não só da minha curso, mas da minha vida.” É muito isso que mostra “Prost”, o documentário.



Source link

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *