Guerra do Sudão completa dois anos com quase 40 mil mortos – 14/04/2025 – Mundo

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Pelo menos 14 milhões de pessoas foram deslocadas, murado de 24 milhões estão em situação de instabilidade cevar e, somente no último mês, ao menos 63 pessoas —entre civis e militares— morreram por dia no Sudão.

O conflito entre as Forças Armadas Sudanesas (SAF) e as Forças de Apoio Rápido (RSF) eclodiu há dois anos, em 15 de abril de 2023, e, sem vias de um cessar-fogo, ameaço as frágeis democracias das nações no Chifre da África.

A disputa de poder entre Abdel Fattah al-Burhan, atual líder sudanês, e Mohamed Hamdan Dagalo, líder das RSF, já deixou pelo menos 37 milénio mortos. De um lado, Burhan comanda um Tropa com estrutura estatal. De outro, Hemeti —porquê é publicado Dagalo— lidera uma guerrilha que, porquê o nome sugere, aposta em intervenções armadas rápidas e pontuais.

A dinâmica de avanços e recuos na conquista de territórios, resultado das convicções de ambos os generais na capacidade de vitória definitiva, é o que mais contribui para a manutenção do conflito. Segundo Lucas de Oliveira Ramos, profissional em segurança na África e doutor em relações internacionais pelo programa San Tiago Dantas, “os dois possuem capacidade e característica militares que não permitem um vencer o outro”.

Em meio ao vaivém da guerra, no entanto, os conflitos armados, o deslocamento forçado, a fome e a violência sexual deixam vítimas civis que representam ao menos 28,6% do totalidade de mortos. Segundo o Banco de Dados de Localização e Eventos de Conflitos Armados (ACLED, na {sigla} em inglês), a média de mortes diárias diretamente relacionadas à violência de guerra no Sudão ultrapassa as 50 pessoas —são 37.226 nos últimos dois anos.

Desde a eclosão do conflito entre Burhan e Hemeti, a maioria das mortes foi causada por confrontos entre as duas forças, SAF e RSF, além de ataques com branco em áreas civis, incursões aéreas (inclusive com drones) e combates nas tomadas e retomadas de territórios pelo país.

Em Darfur do Setentrião, as RSF assumiram no último domingo (13) o controle do campo de Zamzam —que abriga deslocados internos— depois quatro dias de conflito no lugar. De consonância com dados da Organização Internacional para as Migrações (OIM) das Nações Unidas, até 400 mil pessoas foram deslocadas, e só entre sexta-feira (11) e sábado (12) mais de 300 civis foram mortos.

Os dados, tanto de mortes quanto de desabrigados, feridos e violentados, são estimativas obtidas e agrupadas por organizações porquê a OIM e a ACLED. Em todos os casos, existe a possibilidade de subnotificação em razão da dificuldade logística e política de chegada à informação.

As mortes causadas pelos combates são uma parte do problema. O Sudão tem murado de 49,4 milhões de habitantes. Desses, 24,6 milhões enfrentam altos níveis de instabilidade cevar —são 49,8% do país. Com o agravamento dos últimos meses, ao menos 8,1 milhões de pessoas estão em condição de emergência e outras 638 milénio em situação catastrófica de miséria.

De consonância com o Índice Global da Inópia de 2024, o Sudão está em “um nível de fome grave”, na 110ª posição entre os 127 países listados. Na região oriental do continente, o país fica detrás somente de Somália, Madagascar e Zâmbia.

Segundo um relatório da Organização Mundial da Saúde, o aumento da pobreza alimentar na região acontece porque “o conflito dizimou terras agrícolas, a produção de alimentos e as instalações de armazenamento, reduzindo a disponibilidade e o chegada a mantimentos”.

O pesquisador Ramos, que também é professor na Universidade São Judas Tadeu, pontua a falta de ajuda humanitária —inclusive depois o fechamento da Usaid, agência de ajuda internacional dos EUA, por Donald Trump. “A população social acaba saindo extremamente prejudicada” para além das consequências militares do conflito, segundo o profissional.

A OMS atribui a dificuldade de ajuda a ataques a trabalhadores humanitários e saques generalizados de suprimentos alimentares. Mais de 110 agentes foram mortos, feridos ou sequestrados desde o início do conflito, de consonância com dados da organização.

A situação alarmante do país é resultado de um conflito que vai muito além da política. Há muito quantia em jogo, principalmente proveniente da exploração de petróleo e, mais recentemente, da invenção de grandes reservas de ouro no território em confronto. “É uma disputa de quem é que vai ocupar a cadeira do poder”, diz o pesquisador.

O anseio pelo domínio sobre o país e, consequentemente, sobre o território e as riquezas do Sudão é resultado de uma equação iniciada há décadas. Tanto Burhan quanto Hemeti comandaram juntos, porquê líder e vice, o Recomendação Soberano. O órgão foi criado para mediar a transição entre militares e civis depois a queda de Omar al-Bashir, que capitaneou uma ditadura militar no país e só foi deposto quase 30 anos depois de seu golpe, em abril de 2019.

A irrupção democrática sudanesa —com pouco mais de dois anos de marcha—, no entanto, foi derrubada por um novo golpe. O primeiro-ministro, Abdalla Hamdok, até logo respaldado pelo Recomendação Soberano, foi preso pelos generais Burhan e Hemeti com a justificativa de que precisavam corrigir o rumo da transição e evitar uma guerra civil.

Ironicamente, ambos os líderes passaram a disputar o controle efetivo do Estado. A incorporação das RSF ao Tropa —fator médio do projecto de transição democrática negociado anteriormente— foi o principal ponto de tensão, já que Hemeti evitou a subordinação imediata. O estresse político e institucional com Burhan explodiu no conflito interno que ambos diziam tentar evitar.

As negociações de cessar-fogo, desde 2023, não foram exitosas. O professor Ramos fala da necessidade de fortalecer a Autoridade Intergovernamental para o Desenvolvimento (IGAD) —órgão de cooperação regional da África Oriental— para possivelmente “interrogar um cessar-fogo, conseguir que sentem para conversar e, enfim, minuir o conflito”.

O vislumbre desse provável horizonte é necessário, segundo ele, tanto para o próprio Sudão quanto para as nações vizinhas. Na região do Chifre da África, ainda estão Eritreia, Djibuti, Somália, Etiópia, Sudão do Sul, Quênia e Uganda. O conflito sudanês, também por conta dos refugiados, e mormente devido às movimentações políticas, prejudica os países que “já têm uma situação bastante frágil do ponto de vista político, econômico e social”.



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