Como a CBF explica o Brasil – 06/04/2025 – Juca Kfouri

Esporte


Nomear os repórteres que desde os anos 1980 investigam e denunciam as mazelas da CBF seria tedioso e causaria injustiças —seja por esquecimento, seja por mudança de lado.

Lúcio de Castro, de todos, o que pagou, e paga, o preço mais supino pela coragem de suas investigações na sucursal Sportligth, representa aqueles que não se curvaram ao poderosos e, assim, não mostraram o traseiro aos oprimidos, uma vez que diria Millôr Fernandes.

Enfim, executar com a obrigação merece reconhecimento e prescinde de hosana.


Allan de Abreu, junto com Carlos Petrocilo, já havia publicado, em 2018, o livro “O Delator”, no qual é contada a infame história de J. Hawilla, que corrompeu boa parte da cartolagem da América do Sul e, pego no Fifagate, entregou um por um para se livrar da cadeia.

Até gravar Ricardo Teixeira numa mesa de jantar ele gravou para dar a fita à polícia americana.

Abreu acaba de publicar alentada reportagem na revista “Piauí” sobre velho parceiro de Teixeira, e atual presidente da CBF, Ednaldo Rodrigues.

Não surpreende quem há décadas acompanha os bastidores de uma das entidades mais sujas do país, mas estarrece o cidadão generalidade.

Porque revela muito além do submundo da cartolagem, envolve deputados, senadores e até o STF.

A leitura da reportagem de Abreu explica o 7 a 1 da Copa do Mundo de 2014 e o 4 a 1 das Eliminatórias deste ano.

Explica mais: explica o Brasil e a impunidade dos de colarinho branco.

O que a repórter Daniela Pinho fez, em 2011, na mesma “Piauí”, quando enterrou Ricardo Teixeira com suas próprias declarações, Abreu repete com igual conhecimento.

Sem tantas aspas, porque Rodrigues respondeu às perguntas por escrito (ou seja, não respondeu, seus assessores o fizeram), suficientemente latino para saber que não é inteligente o bastante para conversas a sós com jornalistas independentes.

Definitivamente faz sentido que a volume incauta tenha escolhido a camisa da Vivenda Bandida do Futebol para suas manifestações contra a devassidão.

É uma vez que diz o jornalista inglês do jornal espanhol “La Vanguardia”, Andy Robinson: “O Brasil é um país formidável porque o único que acha explicação para o inexplicável”.

VIVA!

A melhor notícia para a Leal torcida depois do passeio em Itaquera por 3 a 0 sobre um Vasco fragílimo saiu da boca de Emiliano Díaz, fruto e parceiro de Ramón Díaz no comando do time: “Sempre o Brasileirão é o torneio de rostro. Qualquer liga que jogamos é prioridade, ainda mais o Brasileirão, que tivemos um momento que sofremos e não queremos que volte a sobrevir.(…) Permanecer fora de uma Despensa é triste, mas nem quero falar no que aconteceu nos últimos anos. Simples que vamos dar prioridade ao Brasileirão. Na Despensa pode permanecer fora, mas se acontece o rebaixamento é uma catástrofe. É um pouco lógico, não pode rebaixar na Despensa”.

Se a opção é confissão de culpa por não saber jogar copas e mata-matas é coisa para se discutir adiante.

Mas se o colunista fosse treinador também consideraria o Campeonato Brasiliano uma vez que mais importante.

“O Tejo é mais belo que o rio que corre pela minha povoado, / Mas o Tejo não é mais belo que o rio que corre pela minha povoado / Porque o Tejo não é o rio que corre pela minha povoado”, escreveu Fernando Pessoa.


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