Neymar, o protagonista – 23/04/2025 – Juca Kfouri

Esporte


Neymar, o fruto, sejamos justos, no período em que vestiu a camisa do Santos, foi protagonista, em parceria com Paulo Henrique Ganso, do tricampeonato santista na Libertadores, em 2011.

Na escandalosa transação que o levou ao Barcelona, conscientemente, virou coadjuvante de Lionel Messi.

Cansou-se do papel secundário, mesmo que rútilo, e buscou em Paris, no PSG, o de ator principal.

Deu má sorte.

Surgia um fenômeno chamado Mbappé, que lhe roubaria a iluminação da Cidade Luz.

Para piorar, chegou depois o prateado que o obnubilava na Catalunha.

Daí para impor o golpe do baú na Arábia Saudita bastaram alguns escândalos vividos na França e pronto: ser o número 1 em futebol desimportante no Planeta Esfera era o de menos, até porque Cristiano Ronaldo já estava por lá e a concorrência era desleal.

Lucrar murado de um milhão de reais por dia no Al-Hilal estava mais que bom, ainda mais se pintasse, uma vez que pintou, novidade lesão para afastá-lo dos gramados e mantê-lo nas baladas.

Voltar ao Santos passou a ser o próximo objetivo, uma vez que esquina do cisne.

Dom Sebastião voltou à Vila Belmiro e o firmamento o recepcionou com majestosa tempestade.

Poucos entenderam o alerta celestial em paradoxo infernal.

Jogar futebol uma vez que esperavam os órfãos dele, já viúvos do Rei Pelé, está sendo esperança frustrada, ourela o libido em desespero.

O que o podcast do UOL Prime, no ar desde a última terça-feira (22), revela é que toda a trajetória de Neymar Júnior pouco teve a ver com decisões dele, mas com as de Neymar pai, o protagonista da série em seis capítulos, um por semana, trabalho fruto de fenomenal reportagem do jornalista Pedro Lopes, que conta com a secundária coapresentação deste colunista.

De vestuário, Neymar pai é personagem que sai da sombra para se transformar, sem nenhum preparo prévio, em empresário implacável, muito bem-sucedido, disposto a fazer riqueza e realizar por meio do fruto o sonho aparentemente impossível, pouco importam os meios, de também chegar ao topo.

Fartamente documentado por emails e entrevistas que afastam dúvidas, o podcast resulta na comprovação de que Neymar sênior mandou no presidente da CBF durante três Copas do Mundo, as de 2014, 18 e 22, independentemente do desempenho do jogador, ao subordinar treinadores, uma vez que Felipão e Tite, a sua vontade até nos compromissos extracampo, uma vez que determinar sobre entrevistas, aparições públicas etc.

A decantada “Neymardependência” ia muito além dos aspectos técnicos, para se impor nas mínimas coisas do dia a dia, com todos os privilégios daí decorrentes.

Fica simples por que Edu Gaspar, portanto coordenador da seleção, também submisso aos desígnios da família, desabafou certa vez: “Não é fácil ser Neymar”.

Tão difícil a ponto de ter encarnado uma vez que ninguém a síndrome de Peter Pan, ficado trilhardário sem nunca atingir tanto o objetivo de ser o melhor do mundo quanto o de lucrar a Despensa.

Sempre haverá quem, por ganância extrema, entre o numerário e o saudação universal da sociedade saudável, fará a escolha preferencial pela riqueza.

O que fez de Francisco papa vasqueiro e espantoso, de Neymar pai um vencedor predador e do fruto rico menino pobre.

A supimpa, minuciosa e perfeccionista equipe do UOL Prime está de parabéns.


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