Chefe de grupo paramilitar do Sudão anuncia governo rival – 15/04/2025 – Mundo

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O superintendente do grupo paramilitar sudanês Forças de Apoio Rápido (RSF), o general Mohamed Hamdan Dagalo —publicado uma vez que Hemeti—, anunciou nesta terça-feira (15) a formação de um governo rival, dois anos posteriormente o início do conflito entre seu grupo e o Tropa estatal.

O Sudão está mergulhado em uma guerra social que eclodiu há dois anos, em abril de 2023, entre as Forças Armadas Sudanesas (SAF), lideradas pelo general e atual líder do país Abdel Fattah al-Burhan, e os paramilitares das RSF comandados por Hemeti —que antes fora subordinado de Burhan.

No expedido publicado em seu perfil no Telegram, Hemeti afirma que ele e seus aliados civis escolhem, nesse momento, um “caminho que reflete a inconstância do Sudão uma vez que sua maior força, não sua maior ameaço”.

“Declaramos provisoriamente o estabelecimento do Governo da Silêncio e da Unidade, uma ampla coalizão social que reflete a verdadeira força do Sudão. Juntamente com todas as forças civis e políticas sudanesas, a Frente Revolucionária Sudanesa, a sociedade social, organizações de mulheres, movimentos da juventude e comitês de resistência, assinamos uma constituição histórica de transição, um roteiro para um novo Sudão”, declarou.

O documento lista uma série de áreas que, segundo Hemeti, estarão contempladas e garantidas neste novo governo: instrução, sistema de saúde e justiça. Ressalta, ainda, que “esse não é um Estado de comandantes da guerra, é um governo do povo”, e lista diretrizes que seriam adotadas por um provável novo governo.

Ainda não está evidente o que Hemeti e as RSF devem fazer para colocar em prática o que o general anunciou. O atual líder do país, Burhan, ainda não se pronunciou sobre o marco dos dois anos de guerra ou sobre as declarações do rival.

A enunciação de Hemeti se dá no dia em que completam-se dois anos de conflito direto entre os generais. A disputa de poder já deixou quase 40 milénio mortos, além de 49% da população em situação de instabilidade cevar, e outros 14 milhões deslocados.

Desde a eclosão do conflito entre Burhan e Hemeti, a maioria das mortes foi causada por confrontos entre as duas forças, SAF e RSF, além de ataques com intuito em áreas civis, incursões aéreas (inclusive com drones) e combates nas tomadas e retomadas de territórios pelo país.

Em Darfur do Setentrião, as RSF assumiram no último domingo (13) o controle do campo de Zamzam —que abriga deslocados internos— posteriormente quatro dias de conflito no lugar. De concórdia com dados da Organização Internacional para as Migrações (OIM) das Nações Unidas, até 400 mil pessoas foram deslocadas, e só entre sexta-feira (11) e sábado (12) mais de 300 civis foram mortos.

O anseio pelo domínio sobre o país e, consequentemente, sobre o território e as riquezas do Sudão é resultado de uma equação iniciada há décadas. Tanto Burhan quanto Hemeti comandaram juntos, uma vez que líder e vice, o Juízo Soberano. O órgão foi criado para mediar a transição entre militares e civis posteriormente a queda de Omar al-Bashir, que capitaneou uma ditadura militar no país e só foi deposto quase 30 anos depois de seu golpe, em abril de 2019.

A invasão democrática sudanesa —com pouco mais de dois anos de marcha—, no entanto, foi derrubada por um novo golpe. O primeiro-ministro, Abdalla Hamdok, até logo respaldado pelo Juízo Soberano, foi preso pelos generais Burhan e Hemeti com a justificativa de que precisavam corrigir o rumo da transição e evitar uma guerra civil.

Ironicamente, ambos os líderes passaram a disputar o controle efetivo do Estado. A incorporação das RSF ao Tropa —fator meão do projecto de transição democrática negociado anteriormente— foi o principal ponto de tensão, já que Hemeti evitou a subordinação imediata. O estresse político e institucional com Burhan explodiu no conflito interno que ambos diziam tentar evitar.



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