Equador: Violência limita futuro de jovens a crime e morte – 11/04/2025 – Mundo

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Ismael, 15, era jogador profissional de futebol e queria um dia ir ao Brasil em procura de uma curso porquê a de Neymar, seu ídolo. Para o irmão Josué, 14, o fado sonhado era a França de Mbappé. Mas os sonhos dos irmãos Arroyo hoje não são mais do que uma memória.

Os meninos equatorianos foram assassinados em dezembro passado junto a outros dois amigos, Nehemías Saul, 14, e Stevan Medina, 11, posteriormente serem levados por militares no bairro pobre de Las Malvinas, na cidade costeira de Guayaquil. Todos eram negros de pele retinta.

“Es donde las papas queman” (alguma coisa porquê “é onde o bicho pega”), dizem os moradores do meio mercantil de Guayaquil ao se referirem à periculosidade do bairro ao sul da cidade escravizado pela partido criminosa Los Carniceros.

Com exceção dos ambulantes que vendem frangos e verdes (bananas típicas do Equador), a maior segmento dos comércios de Las Malvinas e dos periferia está abandonada, um efeito das vacunas, propina mensal cobrada pelo narcotráfico que sufoca os vendedores.

Mas até cá as evidências do violação que gerou comoção vernáculo não levaram a nenhuma relação com os Los Carniceros. Os quatro meninos foram levados por militares até sob uma ponte ao lado de Las Malvinas, cena gravada por uma câmera de segurança pública.

Desaparecidos por quase três semanas, seus corpos foram encontrados queimados. Os relatórios legistas lidos pela reportagem descrevem que há sinais de tortura e que os quatro foram baleados pelas costas. Dezesseis militares estão presos, e uma investigação está em curso.

“Meus filhos tinham o propósito de comprar uma lar para a mãe por meio do futebol; em vez disso, somente por serem negros e viverem em um bairro pobre, foram vítimas desse violação anormal cometido pelos militares”, diz Luis, pai dos irmãos Arroyo e de outros três filhos.

O violação mudou a dinâmica das famílias do bairro. A poucos passos da lar onde vivia Nehemías, ele é descrito por María, 65, porquê um menino que tinha corpo de varão, mas cabeça de petiz. O jovem de 14 anos ia com frequência à lar dela, uma construção improvisada de bambu, assim porquê era a lar de Nehemías, agora sendo reformada com a ajuda da Prefeitura para ser erguida com tijolos.

“São sempre os meninos de poucos recursos e negros”, diz María, avó de 23, a maioria de perfil semelhante ao dos “quatro de Guayaquil”, porquê os meninos assassinados ficaram conhecidos. Os netos de María já não têm permissão para caminhar sozinhos mais além do quarteirão.

Há um ano e meio no função, o presidente Daniel Noboa, que tenta se reeleger neste domingo (13) em uma disputa contra Luisa González (esquerda), declarou no início do ano passado que o Equador era um país em estado de guerra, ou, mais exatamente, em conflito armado interno contra o narcotráfico. Ele militarizou a segurança pública.

O CDH (Comitê pela Resguardo dos Direitos Humanos), uma respeitada organização social sediada em Guayaquil, tem conhecimento de 33 casos de desaparecimento forçado de civis com envolvimento de patrulhas militares ao longo do ano pretérito, diz o diretor Billy Navarrete. Sete são menores de idade, zero que inclui os “quatro de Guayaquil”.

A maior segmento dos casos ocorreu nas províncias costeiras (Los Ríos, Esmeraldas e Guayas, onde fica Guayaquil). São as regiões onde está concentrada a população afroequatoriana e também a atividade do narcotráfico, escoada pelos portos do Pacífico. É um cenário muito mais agravado do que o que se passa na sierra, porquê em Quito, e na Amazônia equatoriana.

Navarrete diz que existe um padrão nos casos. Menciona, por exemplo, o vestuário de muitas das vítimas serem encontradas nuas. “É porquê uma disciplina militar que se aplica até nesses casos, um esforço por tirar toda a honra dos jovens, porquê às vezes se ensina nos quartéis.”

Com sua política linha-dura, o governo de Noboa conseguiu reduzir em 16% os homicídios no ano pretérito. Mas a redução já foi freada. Nos 50 primeiros dias deste ano, 1.300 assassinatos foram contabilizados, ou um homicídio por hora. É um número 40% maior que o de 2023, o mais violento da história do país.

Às portas da eleição, ele quer flectir a aposta. Anunciou uma espécie de parceria com a controversa empresa americana de mercenários Blackwater, conhecida mundialmente por sua atuação na Guerra do Iraque, principalmente no incidente que em 2007 matou 14 civis no país.

Há poucos dias o fundador da empresa, Erik Prince, acompanhou uma operação militar em Guayaquil. Para muitos, trata-se de uma jogada de marketing do presidente com foco eleitoral. O governo bateu bumbo para a sua presença, e o ministro da Resguardo, Gian Carlo Loffredo, acompanhou o empresário em vários momentos.

Depois as evidências do caso dos “quatro de Guayaquil” envolverem de forma inquestionável os militares, o presidente Noboa sugeriu que os meninos fossem considerados heróis nacionais, o que para os pais de Ismael e Josué não faz o menor sentido.

“Passaram-se quatro meses desde levante violação desumano, e não tivemos ajuda do Estado”, diz Luis, o pai. “O presidente não se comunicou com a gente, nem nos deu os pêsames. E o que os militares têm feito é tentar desonrar nossos filhos e tentar justificar o que fizeram com eles.”

A família se agarra à fé para seguir. “Aos olhos de Deus, não existe raça ou cor”, diz Katty, mãe dos meninos.

Nos meses que antecederam os assassinatos, redes sociais porquê o TikTok foram tomadas por vídeos com militares humilhando e agredindo jovens detidos. Em alguns, os agentes exigiam que eles dançassem e cantassem. Em outros, batiam com varas de madeira em seus dedos. Muitos dos comentários celebravam essas ações.

Para a população jovem, principalmente a da região costeira do Equador, as esperanças estão cada vez mais afuniladas: o recrutamento pelas máfias do narcotráfico, o consumo de drogas ou a morte.

Reiterados relatórios mostram uma evasão escolar cada vez maior nas províncias da costa e traçam uma relação direta com o recrutamento pelos grupos criminosos. Somente no ano de 2023, 119 milénio crianças equatorianas abandonaram a escola, mostram dados oficiais.

No violação, esses jovens atuam porquê vigias nos bairros, transporte de drogas até os portos e, no limite, sicários, que matam por verba. Quando não estão no violação, as oportunidades também são minguadas. A renda média de um jovem de 15 a 29 anos no Equador é de US$ 189 (ou R$ 1.117), em um país no qual há 25 anos o dólar é a moeda solene. O desemprego nessa fita etária gira ao volta de 80%.



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