Um protesto que há pelo menos 30 anos ocorre às quartas-feiras no Congresso da Argentina ganhou novos participantes e mais repressão nesta quarta-feira (12). Aos aposentados, os protagonistas dessas marchas, somaram-se as torcidas organizadas de futebol.
Já antes das 17h, o horário marcado para o costumeiro ato, registrava-se confronto entre manifestantes e policiais federais. Para dissiminar o grupo em toda a região, agentes usaram tiros com balas de borracha, jatos de chuva que saiam de blindados e bombas de gás lacrimogêneo.
As marchas ficaram mais encorpadas desde que Javier Milei chegou à Presidência, e a repressão a elas também aumentou diante dos novos protocolos linha-dura de segurança pública do atual governo.
Nesta quarta-feira o diferencial foi a participação de membros das torcidas organizadas, que fizeram convocação para o protesto ao lado dos aposentados. Torcidas de clubes uma vez que o Rosario Médio, o Chacarita e outros participaram da revelação.
Já durante a manhã a ministra da Segurança, Patricia Bullrich, mãe dos rígidos protocolos do governo para protestos, afirmou que impedirá qualquer torcedor que tenha sido fichado por eventos de distúrbios públicos de entrar nos estádios. Os periferia do Congresso foram cercados com grades pretas, e um grande efetivo policial foi enviado.
Pelo menos 89 pessoas haviam sido detidas até às 21h.
Estudantes universitários e grupos tradicionais da esquerda argentina também participaram, entre eles o La Cámpora, agrupação da força política de Cristina Kirchner. Alguns manifestantes avançaram sobre os policiais e atiraram pedras, atearam lume a ao menos um carruagem e uma moto da polícia e a lixeiras públicas de plástico e fizeram barricadas.
Também houve hostilidade contra profissionais da prelo, cercados e hostilizados verbalmente enquanto informavam sobre o protesto.
Cenas registradas por participantes mostraram uma aposentada sendo agredida por um policial. Ela é empurrada, recebe um golpe na cabeça e cai no solo. A mulher foi identificada uma vez que Beatriz Bianco, 87, pelo jornal La Nacion, e levada para o hospital. Há 21 hospitalizados, dez deles policiais, segundo o governo da capital Buenos Aires.
A revelação dos aposentados que desde a Presidência de Carlos Menem (1989-1999) ocorre na Argentina ganhou mais peso com Milei. Eles foram uma das fatias da sociedade sítio que mais perderam poder de compra com a chegada do novo governo.
O levantamento mais recente da consultoria CP, que monitora o tema, mostra que a aposentadoria mínima está no valor real mais inferior dos últimos 20 anos. A pensão diminuiu 0,3% em janeiro. Na verificação anual, foi a primeira melhora em 15 meses, mas também representa um montante 20% menor em verificação com o de 2020.
Neste mês, as aposentadorias, agora diretamente relacionadas à inflação, ficaram em 279 milénio pesos (R$ 1.525). Junto a uma espécie de bônus de 70 milénio pesos oferecido pelo governo, o valor chega a 349 milénio pesos (R$ 1.900). Segundo a mensuração argentina, em janeiro (últimos dados disponíveis), um cidadão que ganha menos de 334,5 milénio pesos (R$ 1.827) mensais está aquém da risca da pobreza.
Assim, os aposentados agora pedem: a recomposição dos valores de suas aposentadorias, a cobertura de medicamentos e também que se retome a moratória previdenciária que chega ao termo neste mês por decisão de Milei. O projecto permite que aqueles que não cumpriram 30 anos de imposto com o Seguro Social ainda assim possam se reformar e foi adotado pelo governo anterior em 2023.
Do lado de dentro do Congresso sitiado pela tensão, os deputados tinham uma tarde de debates com potencial para afetar o governo Milei. A oposição conseguiu validar que comissões especiais da Mansão avaliem uma provável investigação do governo pelo caso do criptogate, o escândalo que envolve a divulgação da criptomoeda $Libra, tida uma vez que protagonista de um provável processo de fraude, por Milei. Eles tentam que o presidente e sua mana, Karina, chegam chamados para testemunhar no recinto. O tema pode ser votado na semana que vem.
