Palestinos ocuparam as ruas da Faixa de Gaza depois o cessar-fogo entre Israel e Hamas iniciado neste domingo (19), às 11h15 do horário lugar (6h15 no horário de Brasília).
Alguns comemoravam, outros visitavam os locais onde parentes tinham sido enterrados. Muitos buscavam ver o que tinha restado de suas casas.
Horas antes de a trégua entrar em vigor, longas filas de caminhões carregando combustível e suprimentos de ajuda se formaram ao volta da fita. O contrato firmado entre o Estado judeu e o grupo terrorista determina que a ingressão de 600 caminhões de ajuda seja permitida em todos os dias da primeira tempo do cessar-fogo, prevista para resistir seis semanas.
No setentrião de Gaza, onde ocorreram os ataques aéreos israelenses mais devastadores, imagens de drones mostraram centenas de pessoas caminhando por uma estrada empoeirada, em uma paisagem em que o concreto esmagado e o metal retorcido das construções destruídas pelos bombardeios saltavam aos olhos.
Uma família que retornou ao campo de refugiados de Jabalia avaliava o que tinha sobrado de sua vivenda e usava pás para limpar os escombros das paredes desmoronadas. Em outros locais, pessoas deslocadas reuniam seus pertences em carroças e caminhões para viajar de volta para os seus lares.
“Sinto-me viva novamente, porquê se finalmente tivesse encontrado chuva depois de me perder no deserto por 15 meses”, disse Aya, que vivia na Cidade de Gaza antes do conflito. Ela passou mais de um ano Deir Al-Balah.
“A guerra acabou, mas a vida não vai melhorar por razão da ruína e das perdas que sofremos. Pelo menos não haverá mais efusão de sangue de mulheres e crianças, espero.”
Na cidade de Khan Yunis, no sul, combatentes armados do Hamas passavam por multidões que aplaudiam e cantavam uma saudação às Brigadas Al-Qassam —o braço armado da partido terrorista— apesar do demorado de quase três horas para o início do cessar-fogo.
“Todas as facções de resistência estão permanecendo apesar do [premiê israelense Binyamin] Netanyahu. Levante é um cessar-fogo completo e abrangente, se Deus quiser, e não haverá retorno à guerra apesar dele”, disse um combatente, referindo-se às Brigadas Al-Qassam.
O retorno do Hamas à liderança de Gaza, no entanto, não é uma certeza. Mike Waltz, mentor de segurança pátrio do presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou em entrevista à emissora CBS neste domingo que o governo americano apoiará Israel no que “for necessário” se o grupo terrorista descumprir o contrato de trégua e a libertação de reféns em troca de prisioneiros palestinos.
“O Hamas nunca governará Gaza. Isso é completamente inadmissível”, disse Waltz.
Para Ahmed Abu Ayham, 40, que se abrigou com a família em Khan Yunis depois ser obrigado a deixar a Cidade de Gaza, o cessar-fogo ajudou a poupar vidas, mas o momento não é de celebração. “Sentimos uma dor profunda e é hora de nos abraçarmos e chorarmos.”
A ofensiva de Israel contra Gaza matou quase 47 milénio palestinos, segundo as autoridades de saúde do território, ligadas ao Hamas. O mega-ataque do Hamas de 7 de outubro de 2023 que deu início à guerra, por sua vez, matou tapume de 1.200 pessoas.
Outras 250 foram sequestradas, e ao menos 40 delas que continuavam presas em Gaza tiveram suas mortes confirmadas pelo Tropa israelenses.
