Promessa do tênis brasiliano até o ano pretérito, João Fonseca virou verdade. É de se esperar que o jovem de 18 anos tenha oscilações neste momento da curso, porém não parece possuir incerteza a saudação de seu talento ou de sua capacidade mental para mourejar com ele.
Se isso ainda não estava evidente, ficou na primeira rodada do Australian Open. Ele nunca havia jogado profissionalmente um duelo melhor de cinco sets, nunca havia atuado na chave principal de um Grand Slam –a série que reúne os quatro principais torneios do volta–, nunca havia disputado uma partida em uma quadra com capacidade para 7.500 pessoas e nunca havia enfrentado um top 10 do ranking mundial. Fez 3 a 0 no russo Andrei Rublev.
“Eu simplesmente aproveitei o momento em um lugar incrível”, disse, sorriso positivo, com intervalo segura da arrogância e do fulgência. João é tão talhado para o sucesso que a vitória sobre o nono do ranking mundial em sua estreia em um campeonato “major” não foi nem vista uma vez que uma completa zebra –gente que entende um pouquinho do esporte, uma vez que Boris Becker, previra o resultado.
Tamanho talento começou a ser lapidado quando Fonseca, aos 12 anos, começou a treinar no Rio de Janeiro Country Club com Guilherme Teixeira, seu técnico até hoje. Em seguida um flerte com o futebol e outras modalidades, resolveu dedicar-se exclusivamente ao tênis e progrediu até invocar a atenção do mundo da modalidade com o título do US Open juvenil de 2023, aos 17 anos.
Àquela profundeza, João era –e, a muito da verdade, ainda é– um jovem em desenvolvimento, com dificuldades ligadas aos duros desafios do volta, sobretudo na segmento física. Entre bons resultados e outros nem tanto, teve momentos de destaque, uma vez que a campanha até as quartas de final do Rio Open, em fevereiro de 2024.
O carioca já disputou o torneio com roupas da On, empresa de artigos esportivos que tem uma vez que um dos investidores o craque histórico Roger Federer. A marca suíça é seletiva e só tem em seu portfólio na modalidade, além de Fonseca, a polonesa Iga Swiatek, número dois do ranking feminino, e Ben Shelton, principal promessa dos Estados Unidos.
O nome de Federer aparece repetidamente nos relatos sobre a trajetória de João, que chegou a recusar proposta da Team 8 –a empresa, especializada em gestão de carreiras de atletas e eventos esportivos, tem o suíço uma vez que um dos fundadores e sócios. O menino continuou representado pelos pais, que o acompanham no volta e, com óptimo requisito financeira, tornaram provável também as viagens da percentagem técnica, com treinador, preparador físico e fisioterapeuta, um pouco vasqueiro para um tenista tão novo.
“É o melhor tenista de 18 anos do Brasil na história”, disse à Folha Fernando Meligeni, semifinalista em Roland Garros em 1999. “Isso não quer expor que vai ser melhor que oriente ou aquele, mas hoje é o mais pronto mentalmente, tecnicamente e taticamente.”
A promessa passou a tomar ares claros de verdade na viradela de 2024 para 2025. Fonseca ganhou em dezembro o Next Gen ATP Finals, que reuniu na Arábia Saudita os oito melhores atletas de até 20 anos da temporada, e embarcou para a Austrália. Na Oceania, conquistou o Challenger de Canberra e partiu para um pouco maior do que os “challengers”, apropriados a quem ainda procura um lugar ao sol.
O brasiliano, que cita Federer e o brasileiro Gustavo Kuerten como seus ídolos, sobreviveu às três rodadas da temporada preparatório sem perder um game de serviço e se viu na chave principal, em um embate com o top 10 Andrei Rublev. Com o já mencionado sorriso positivo, estabeleceu o recorde do torneio até aquele momento, com uma direita de 181 km/h.
Concluído o triunfo em sets diretos, ouviu ainda em quadra, na entrevista solene da transmissão, uma pergunta que considerou “um pouco injusta”: “Se eu fosse ao Brasil agora para comprar seu talento, quanto custaria?”.
“Uma vez que diz o Roger”, respondeu João, com a naturalidade de quem tem em Federer quase um colega, “talento não resolve”.